encontrou um jeito insosso, pra não ser de carne e osso

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sábado, 25 de dezembro de 2010

Na voz passiva

Ele disse que fazia algum tempo que aquilo estava acontecendo, desde, bom, desde o incidente. Ele disse que prezava pela amizade, independente de qual fosse minha resposta.
Disse que desde que voltou a falar comigo eu não saia da cabeça dele, que ficava olhando minhas atualizações em redes sociais e que eu podia apostar que ele era o primeiro a ler meus posts nesse blog.
Disse que estava com vergonha de mandar isso e que ia parecer idiota.
Ele não sabia mais o que falar, disse então que talvez gostasse muito, muito mesmo de mim, que me achava perfeita e que sonhava em me levar para londres.
Ele tinha decidido mudar, encarar as coisas de frente e não perder mais tempo. Talvez esse tenha sido o motivo da mensagem tão repentina.
Ficou lá o depoimento privado. Ele queria que ninguém lesse, para não parecer idiota.
Disse que provavelmente não entraria no msn no dia seguinte com medo da minha resposta, mas estaria esperando.
Por fim, disse que estava envergonhado por ter mandado tudo aquilo.
Eu fiquei surpresa, porque afinal, era algo que eu nunca imaginaria.
Mas a verdade é que eu também gostava. Acontece que eu fui egoísta, talvez porque eu tivesse medo, talvez porque sabia como era quando as coisas davam errado.
Engraçado, porque não o vejo há meses, e ainda assim lembro de como era a risada, a voz meio rouca, o cabelo por vezes bagunçado, a cor das roupas.
Acho que ele não sabe, mas eu ainda gosto dele.

feliz natal <3