encontrou um jeito insosso, pra não ser de carne e osso

encontrou um jeito insosso, pra não ser de carne e osso

domingo, 25 de outubro de 2009

queria ter uma parede de tijolos longe daqui, longe de tudo e todos. seria a minha parede. uma pequena parede, entre dois grandes muros, separados por apenas um metro e meio de distancia, ou menos talvez. e então você se pergunta qual seria a razão dessa minha obcessão por paredes, muros, becos; eu não sei. eu não sei por que eu gosto disso. eu fantasio o dia em que eu irei morar no brooklyn, ter a minha própria escada, o meu própriosegundo degrau, a minha caixa de correio, a minha capa de chuva, as botinhas e o guarda-chuva amarelo. o dia em que eu irei fazer as coisas do meu jeito, do jeito que eu sempre quis.
qual a finalidade de ter uma escada, um casaco e guarda-chuva, um beco e morar no brooklyn? eu também não sei. é apenas um desejo pessoal, assim como você deve ter os seu, acredito eu.
se fosse possível também passaria algum tempo na segunda guerra mundial, imagino a expectativa de permanecer viva durante os próximos trinta segundos, de estar em meio aos destroços
, as almas, as cinzas, ao nada.
tornar-me a fiel confidente do entregador de pizza, você sabe, eu adoro contar essas histórias à um desconhecido. eu confio bem mais em pessoas que eu ví três ou quatro vezes do nas com quem eu convivo. me parece mais fácil, mais seguro. porque talvez eu nunca mais as veja, e assim seria como se eu nunca tivesse revelado nada.
conhecer um garoto em uma biblioteca, apaixonar-me talvez; eu consigo passar horas imaginando essa cena, é tão confortável, interessante. eu me prendo aos detalhes, aos dialogos que eu mesma crio, e que eu sei que nunca irão existir, nem ao menos nos meus sonhos.
manter uma identidade falsa. verônica, virgínia, eu não sei. criar uma história e usá-la como se fosse minha. a minha história.
ter mil casos; cada qual diferente dos outros, excitantes, empolgantes e misteriosos.
uma construção, eu já falei sobre isso? acredite, construções mexem muito com a minha imaginação (6'
casas velhas, antigas, do século passado, de fato são as minhas preferidas. casas contam histórias, guardam segredos, casas, casas..
adoro espiar casas, buraquinhos de fechadura sem dúvida me atraem ;